terça-feira, 28 de junho de 2011

A Voz Perdida de Hayan Rúbia.

Mário Pirata, teve seu auge nos anos 70/80, período
em que conviveu intensamente com Hayan Rúbia!
O poeta Mario Pirata, de Porto Alegre, é um forte nome da poesia alternativa no Brasil, seu auge, no entanto ocorreu nos anos 70/80 momento em que participou ativamente da vida política brasileira. Num momento em que a cultura alternativa pegava fogo, Mário Pirata e Hayan Rúbia eram figuras festejadas no mundo da poesia e circulavam com desenvoltura por diversas localidades do País.
Num papo descontraído com nossa produção, o poeta Mario Pirata abriu o verbo e contou tudo. Disse não ter qualquer pudor em falar da grande artista que foi a "Rubí", apelido carinhoso que os gaúchos deram à nossa querida artista pesquisada: “Sabes por que tenho esse chiado estranho na fala, meio acariocado-mineirado, meio enrolado e que faz pensarem sempre que não sou gaúcho?" Nos disse o poeta em tom de confissão.  "Isso não era assim..."  afirmou, "ficou desse jeito depois de ser beijado por Rubí - eu a chamava assim por causa do brilho no olhar”.
Soubemos por diversas fontes que o apelido pegou e em Porto Alegre só se chamava Hayan Rúbia de "Rubí"! Entre uma cuia de chimarrão aqui e outra ali, Mário Pirata foi entrando em estado de êxtase e desandou a falar e falar com total entusiamo:
"Num recital, Rubí levantou a saia no palco e mijou enquanto falava um poema de amor... foi deslumbrante conhecer aquela mulher que dizia que nascera em Trebizonda. Ela escandalizou a cidade eu era sete anos mais velho que ela mas me sentia um guri". Emocionado ele nos ofereceu mais um mate enquanto concluía sua fala saudosa: "O bar onde rolou o sarau estava apinhado de gente. Universitários, artistas, agentes de segurança, funcionários públicos, sim, naquele tempo já haviam muitos funcionários públicos; mas quando Rubí aparecia, as pessoas abriam uma clareira para ela passar" num lapso de pensamento o poeta leva a mão ao rosto como se estivesse cansado "... ops, não era um bar, era um teatro inferninho na rua Ramiro Barcelos, o nome do lugar era TEATRO UM. Fechou depois daquela noite". Uma pausa longa enquanto o poeta força a memória para lembrar detalhes do ocorrido. "Rubi era todas as mulheres ao mesmo tempo; daí não existirem retratos filmes desenhos dela; que possam ser considerados verdadeiros nada aprisionava Rubí. Nem ninguém. O Julio Zannota mandou fechar o TEATRO UM, fizemos reunião e todo mundo concordou. Ele declarou que não tinha mais sentido continuar aberto. Depois que ela esteve lá, concordamos que tudo tinha que parar ali, e aquela noite ficaria registrada eternamente!".
Dedicado a fazer poesia pra criança e adultos, Mário Pirata, com uma agenda lotada, nos pediu desculpas, desejou boa sorte para nosso filme e rumou para a Feira do Livro de Bento Gonçalves, cidade da serra gaúcha, onde foi convidado para dar brilho e luz ao evento. Ele nos recomendou cuidado na pesquisa, dizendo que era muito delicado tocar no nome de Hayan Rúbia, mas afirmou que queria muito colaborar para que a memória dela fosse recuperada.
Embora declarasse que ela não se deixou aprisionar nas mídias da época, acabou nos entregando uma fita K7 com a voz autêntica de Hayan Rúbia lendo um poema. Ele afirmou não lembrar se na noite em que gravou a voz dela era realmente dela ou algum livro que ela parecia ler naquele momento. "No fundo, no fundo, a gente estava meio doidão" e afirmou: "Hayan Rúbia tinha asas na garganta e serpentes enroladas no pescoço e foi a primeira mulher tatuada que vi em minha vida - palavras em aramaico e latim espalhadas pelos vãos e desvãos do corpo". Todos, da equipe de filmagem podemos constatar no olhar do poeta, uma certa nostalgia, mas ele se despediu e meteu o pé na estrada, aliás, como sempre fez a vida inteira.

A RECONSTITUIÇÃO EM SI.
A Bailarina mineira, residente em Cabo Frio, Tatiana Prota Salomão Concordou em Servir de modelo para que fizéssemos a reconstituição da voz de Hayan Rúbia.

Tatiana Prota Salomão (Bailarina), suposta semelhança
com a polêmica poeta mineira Hayan Rúbia.
Devido a inúmeros depoimentos sobre a aparência da poeta Hayan Rúbia concluímos que seu rosto é idêntico ao da atriz Mariana Jacques e também da bailarina Tatiana Prota Salomão que concordou em fazer uma simulção. Registramos Tatiana caminhando pela cidade de Cabo Frio, para dar corpo à voz restaurada e remasterizada de nossa personagem.
Curiosamente, depois de restaurada a voz, também concluímos uma grande semelhança da voz da poeta com a voz da atriz Mariana Jacques, o que nos faz respirar aliviados e perceber que nossa pesquisa segue na direção certa.
Tem sido muito difícil para a equipe definir o verdadeiro perfil da artista mas, graças a um trabalho intenso de computação gráfica e estudos de fisionomismo, grafologismo além de reconstituição forense a partir de retratos falados, podemos dizer que os rostos que mais se aproximam do verdadeiro semblante de Hayan Rúbia é, de fato, os da atriz de Belo Horizonte (Mariana Jacques) e da Bailarina nascida em Lagoa Santa - MG, Tatiana Prota Salomão.


SEGUE O POEMA RECUPERADO NA VOZ DE HAYAN RÚBIA

Navegadora.

(Hayan Rúbia)

ando pelas ruas
e o que vejo ao meu redor?
restos de solidão
violência...
terror e medo em cada viela
- o amor me cura

tenho sede de amar
tenho sede de mar
você acenando no horizonte
é em ti que ancoro meu desejo.
navego na tua íris
navego em ti, sonho meu.