Mariana Jacques, interpreta Hayan Rúbia. |
Hayan Rúbia é, na verdade, o pseudônimo de Olyvia Bandeira de Freitas. Ela nasceu no dia 1° de Abril de 1964, dia em que estourou o golpe militar no Brasil e viveu até 1995 ou 96. Mas não se tem certeza.
As circunstâncias de sua morte são bem confusas. Ouve uma denúncia de que ela teria sido assassinada na praça do Papa em BH mas nunca se soube dizer se o corpo encontrado era de fato o dela.
Em 2014 Hayan Rúbia completará 50 anos de nascimento, se fosse viva, ela estaria com 47 anos. Mas pode ser que ela continue viva em algum lugar, escondida, talvez. Não se sabe ao certo.
A razão pela qual o projeto Cinema Possível se interessou por fazer um filme contando a sua história é o fato de ela ser uma importante poeta do circuito alternativo que circulou por diversas cidades do Brasil e América Latina.
Foram inúmeros os poetas que a conheceram e o que todos tem em comum é a incerteza sobre se, de fato, a pessoa que conheceram era realmente a própria, já que ela tinha o hábito de disfarçar seu nome e esconder sua identidade.
A reconstituição sobre a vida de Hayan Rubia é um grande desafio para nós mas, graças a algumas entrevistas marcadas e um pouco de paciência, haveremos de desvendar e até, quem sabe, descobrir seu paradeiro.
Para fazer a reconstituição simulada da vida desta poeta escolhemos a atriz mineira Mariana Jacques que é criadora da cena teatral FLICTS, de Ziraldo. O trabalho de Mariana Jacques circula por vários estados brasileiros e é um autêntico Solo Narrativo, estilo de teatro desenvolvido hoje no Brasil pelo ator, diretor e professor de teatro Júlio Adrião.
SAUDADOLOGIA.
(Hayan Rúbia)
Oi, como vai?
A quanto tempo não te via
Tenho feito tanta coisa
coisa nova em novo dia.
E você? O que tem feito?
Tanto tempo sem te ver direito
Lembra das tardes ganhas
que a gente achava que perdia?
Lembra do riso franco,
que você achava que mentia?
E ai, tudo bem?
É legal te ver outra vez
Pensar nas marcas marcadas
que outrora a gente se fez
Lembra daquele dia
em que você de nada entendia?
Eu falava sem parar,
de coisas que nem eu sabia.
Agora já meio distante
desse tempo agora passado
Esquecido não, mas sempre lembrado
Percebi... não foi o bastante
Desculpe, meu bem, se sou eu tão inconstante.
OBS: Poema encontrado num caderninho velho de anotações da autora; acredita-se que é da primeira fase da poeta Hayan Rúbia, onde ela demonstrava um certo ar solitário e parecia ter surtos de esquizofrenia. Segundo alguns relatos ela criava personagens invisíveis para depois conversar com eles, construindo uma poesia por vezes amigável e muitas vezes agressiva e questionadora.
TEASER